terça-feira, 16 de novembro de 2010


Biogeografia de ilhas -MacArthur e Wilson (1963)

Em relação à postagem anterior o projeto Macambira-Anicuns oferece muitas analogias -pela criação de um corredor ecológico que cruzaria a capital de Goiás- com a famosa teoria da Ecologia é aplicada para conservação ou entendimento de como os processos que regem a distribuição das espécies ou riqueza de espécies não só funcionam apenas em ilhas, mas também em fragmentos de remanescentes circundados por uma matriz, seja ela a pastagem, agricultura, desmatamento ou área urbana- neste caso em específico-, assim sendo se a conclusão do projeto for efetuada poderemos observar efeitos de borda -alteração na estrutura, na composição e/ou na abundancia relativa de espécies na parte marginal de um fragmento. Tal efeito seria mais intenso em fragmentos pequenos e isolados. Esta alteração da estrutura acarreta em uma mudança local, fazendo que plantas que não estejam preparadas para a condição de maior estresse hídrico, característico das regiões de borda, acabem perecendo, acarretando em mudanças na base da cadeia alimentar e causando danos à fauna existente na região.

Conhecendo a Teoria da Biogeografia de ilhas

É reconhecido há muito que as ilhas contêm um número mais reduzido de espécies do que áreas equivalentes dos continentes. É também do conhecimento geral que o número de espécies nas ilhas decresce à medida que a área da ilha diminui. Porquê? Esta é a questão que irá ser respondida nesta aula. As ilhas podem ser vistas como tipos especiais de armadilhas capazes de apanhar espécies com capacidade de dispersar e colonizar com sucesso essas áreas. Desde Humboldt e, mais tarde, Darwin, que os biólogos utilizam as ilhas como microcosmos para estudar problemas ecológicos e evolutivos. Os seus limites permitem a análise da estrutura das comunidades e a determinação dos efeitos de perturbações nessas comunidades. Uma das generalizações mais antigas da ecologia é a de que o número de espécies presentes numa ilha se relaciona com o seu tamanho. Esta relação pode exprimir-se da seguinte forma:

log S = log c + z log A

Onde: S- numero de espécies, A - área da ilha ou fragmento, C-constante medindo o número de espécies por unidade de área; z- constante medindo a inclinação da linha que relaciona S e A, medida de alteração em riqueza de espécies por unidade de área. MacArthur e Wilson (1963) apresentaram a relação entre a área e a riqueza de espécies em ambientes insulares do seguinte modo: o número de espécies de um determinado taxon estabelecido numa ilha representa o equilíbrio dinâmico entre a taxa de imigração de espécies colonizadoras novas e a taxa de extinção de espécies previamente estabelecidas. Esta relação passou a designar-se por modelo da biogeografia das ilhas.

O modelo de MacArthur & Wilson tem estimulado muito trabalho relacionado, sobretudo, com a fauna das ilhas. Estudos de longa duração são, no entanto, necessários para obter dados suficientes que permitam testar o modelo proposto. A maior parte dos dados até agora obtidos derivam de estudos feitos com aves e as funções da imigração e extinção, com aspecto caracteristicamente côncavo, apesar de correctas para muitas ilhas, parecem não se aplicar em alguns casos e apresentar variações de ano para ano. Mais ainda, a questão do número de espécies deverá ser complementada pela investigação do tipo de espécies colonizadoras - espécies diferentes possuem capacidades diferentes de ocupação. A compreensão da dinâmica das populações e comunidades de espécies individuais permitirá, sem dúvida, melhorar o conhecimento de fauna e flora das ilhas. Não devemos também esquecer que o conceito de ilha pode ser lato e abarcar lagos (ilhas num mar de terra), cumes de montanhas (ilhas num mar de vales), zona de pequenos arbustos numa floresta (ilhas num mar de árvores),dependendo da perspectiva com que analisamos as questões.





sábado, 6 de novembro de 2010

Projeto Macambira-Anicuns

O avanço urbano desordenado sobre mata ciliares em Goiãnia exigiu que os dirigentes políticos-administrativos propusessem a execução de um projeto de dimensões a altura de uma capital que detêm o título de melhor qualidade de vida no Brasil segundo o Instituto Brasil Américas. A capital possui a maior área verde por habitante, 94m²/ habitante perdendo apenas para Edmonton no Canadá que possui 100 m²/habitante dados obtidos em 2009. Com o projeto idealizado em 2003 pelo então prefeito Pedro Wilson (PT) visando revitalizar áreas próximas ao Córrego Macambira e Ribeirão Anincuns que proporcionaria benefícios diretos para 300 mil habitantes de diversos bairros da capital.

O Projeto Macambira-Anincuns é uma parceria entre Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a Prefeitura de Goiânia assinado no dia 16 de setembro de 2009 entre o prefeito Íris Rezende e o representante do BID no Brasil,José Luiz Lupo, ficou assinado a liberação de recursos que garantiriam a execução do projeto .O governo federal, representado pela Secretaria do Tesouro Nacional, atua como fiador do projeto junto ao banco internacional. Orçado em 94,5 milhoes de dóloares o BID irá finaciar 60% do total, enquanto a prefeitura responsável por 40%,restante, o montante será pago por meio de 40 parcelas semestrais com prazo de amortização de 20 anos e juros anuais entre 4 e 5% e terá inicio no primerio trimestre de 2010, com um prazo de cinco anos para ser concluído.

O projeto sócio-ambiental mais audacioso do Brasil visa a recuperação ambiental de áreas de preservação permanente dos fundos de vale do Córrego Macambira, desde suas nascentes, e do Ribeirão Anicuns, entre a foz do Macambira e o Rio Meia Ponte, além disso o projeto Macambira-Anicuns irá beneficiar 114 bairros das regiões oeste, noroeste e norte, com a construção de três parques, três escolas, cinco centros de saúde e revitalização dos rios que batizam o programa.

A implementação do projeto se dará em três etapas: infraestrutura, regulação urbana e conscientização.O primeiro componente visa à construção das benfeitorias, aliada à reorganização urbana e ao reassentamento populacional.Hoje, a prefeitura estima que 227 famílias terão que ser desapropriadas para a construção, A Unidade Executiva do Projeto Macambira-Anicuns dispõe de plano exclusivo para a desapropriação das famílias e estabelecimentos comerciais em áreas passíveis de alagamento. O levantamento elaborado em 2005 aponta que 227 famílias e 54 comércios estão concentrados nesses pontos. Coordenador-geral do projeto, Wesley Moraes afirma que, em todos os casos, os moradores que precisarem ser desapropriados serão indenizados.O segundo componenete visa a recuperação de leitos e mata ciliar do Macambira-Anicuns. Na área arborizada entre os rios será construído o parque linear, de 26,5 Km de extensão. Os parques Pedreira e Macambira somam um milhão de metros quadrados de área de preservação.O terceiro componente do projeto visa a sustentabilidade social e ambiental. Com ela, a prefeitura deve se valer de programas e ações para a preservação do Macambira-Anicuns. “Trabalharemos a conscientização e a educação ambiental para que este trabalho não se perca com o tempo”, completa o coordenador-geral do projeto.

O Projeto Macambira-Anicuns firma-se como uma ação integradora multidisciplinar trazendo benefício direto para as populaçoes adjacentes e para o meio ambiente.